Miguel tem o futebol de amputados como inspiração após acidente que o fez perder a perna

Garoto de nove anos foi atropelado quando joga bola na porta de casa, no interior da Bahia.

Por Redação do ge — Salvador

Miguel tem o futebol de amputados como inspiração — Foto: Reprodução / TV Bahia

Na cidade de Capim Grosso, a 106 quilômetros de Senhor do Bonfim, há uma daquelas histórias que reforçam a famosa frase que os amantes do esporte bretão tanto ouvem: “não é só futebol”. E, de fato, para Miguel Moreira, que teve a perna amputada aos sete anos, o futebol é um símbolo de superação.

Há dois anos, o jovem sofreu um acidente de trânsito no interior baiano enquanto jogava bola na frente de casa. Miguel teve sérias lesões e, para piorar, a motorista não ofereceu ajuda.

Miguel foi levado para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Capim Grosso, mas a situação era grave, e a criança foi transferida para outra unidade hospitalar, onde precisou amputar a perna.

Eu já cheguei na UPA passando mal. Não tinha condições. Não tivemos ajuda de ninguém. Quem levou ele para a UPA foi um vizinho nosso. (…) Futebol para ele era tudo. A única preocupação dele era não poder jogar mais. Aí comecei a mostrar vídeos para ele de pessoas que conseguiam jogar – contou Márcia, mãe de Miguel.

Futebol de amputados em Salvador — Foto: Reprodução / TV Bahia

Volta por cima

Mesmo com muitas limitações, o futebol continuou presente na vida de Miguel Moreira e foi esporte fundamental durante sua recuperação.

– Depois dele passar por psicólogo e fisioterapia, quem me levantou foi ele. Eu entrei em depressão, tomo remédios ainda. Ele é um menino muito forte. Ele que me levanta – disse a mãe do garoto.

E, claro, Miguel tem um time para chamar de seu: o Bahia. O que ele não sabia é que o Tricolor tem uma equipe de amputados, que, inclusive, disputa torneios, como o campeonato baiano e brasileiro.

– Sinto muito amor pelo futebol. Amo jogar bola com meus amigos. Eu jogava muita bola e comecei a sofrer muito, sentia dor. (…) Hoje eu jogo normalmente com meus amigos, tem vezes que sou goleiro – conta Miguel.

Ao ver os atletas amputados praticando o esporte que mais amava, o menino se aproximou ainda mais do futebol e conheceu referências da categoria, que têm histórias parecidas com a dele.

Luciano Reis é um desses jogadores. Ele também perdeu a perna ao ser atropelado e já está no futebol de amputados há treze anos. Luciano é um dos pioneiros da modalidade no estado e tem conquistas relevantes na carreira, como o troféu da Série B, o vice-campeonato brasileiro e dois títulos do Campeonato Baiano.

E como quem busca seguir os passos de um ídolo, Miguel logo começou a bater bola com Luciano, que deu dicas para o garoto. Ao entrar em campo, Miguel esbanjava alegria e vontade, como quem encontrou uma esperança em meio às dificuldades, o que mostra que o futebol de amputados não é só futebol.


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