Na Antuérpia, americana “coroou” a brasileira e disse que deve se aposentar depois do Jogos Olímpicos de Paris.
Por Guilherme Pereira, Lorena Dillon e Rogério Romera/ge — Antuérpia, Bélgica
Dos seis pódios possíveis para mulheres no Mundial de ginástica da Antuérpia, Rebeca Andrade esteve em cinco. Sempre na companhia da estrela Simone Biles. O clima entre as ginastas, no entanto, passa longe da rivalidade. Nesta edição do Mundial, a americana conversou sobre o futuro com a brasileira, dançou e fez questão de reverenciar o talento de Rebeca.
– Acho que as pessoa criam esse tipo de batalha e rivalidade. A gente, ali embaixo, estava super conversando. Ela fez até uma coisa engraçada. Ela me perguntou se eu iria continuar depois de Paris e eu falei que eu não sabia, que o futuro a Deus pertence. E ela disse que, pra ela, não ia dar, que ela iria se aposentar. Eu falei: “Não, a gente precisa de você”. Ela inspira demais. É incrível ter ela em uma competição – disse Rebeca ao ge.
Simone Biles é a atleta mais condecorada da história da ginástica: são 30 medalhas em mundiais e sete em Jogos Olímpicos. Ela voltou a competir depois de dois anos parada para cuidar da saúde mental e também conquistou cinco medalhas na Bélgica – as duas foram as mais premiadas da competição. E o perfil da federação de ginástica dos Estados Unidos chegou a postar uma foto em uma rede social com a legenda: “Outras grandes batalhas estão por vir!”
Antes da entrega das medalhas do solo, neste domingo, uma cena chamou atenção. Simone Biles fez um gesto como se estivesse passando a coroa da ginástica artística para a Rebeca. No vídeo, é possível perceber que Flávia Saraiva e a americana ainda conversam sobre as Olimpíadas de Paris, citada por Rebeca, e Simone dá a entender que estará velha depois dos Jogos de 2024. Hoje a americana tem 26 anos, enquanto as brasileiras, 24. No final do dia, Rebeca e Simone ainda saíram para comemorar e dançaram juntas em uma festa.
Rebeca encerrou sua participação no Mundial da Antuérpia com cinco medalhas. Prata na disputa por equipes – uma conquista inédita para o brasil – e no individual geral. Ouro no salto, prova em que ela também é a atual campeã olímpica. E, neste domingo, medalha de bronze na trave, aparelho em que ela teve mais dificuldades durante a competição, e de prata no solo, conquista que se tornou ainda mais marcante porque a amiga Flávia Saraiva terminou na terceira posição. Pela primeira vez, o Brasil teve um pódio duplo no Mundial de ginástica artística.
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